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Notícias da Igreja Católica

Santuário: o lugar da lentidão e do inútil segundo José Tolentino Mendonça

Data: 23/06/2018

Fátima, Portugal, 23 jun (Ecclesia) – O padre e poeta José Tolentino Mendonça sugeriu hoje que um santuário deve ser o “lugar da lentidão”, onde se “dialoga com a crise”, onde se “experimenta a inutilidade”, tornando-se assim um “laboratório” de humanidade.

“É o consumo apressado de experiências que nos extenua; o santuário tem de ser lugar alternativo, o lugar da lentidão, onde aceitamos o convite a escutar o chamamento interior, por decisão e sabedoria”, indicou o vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa esta manhã durante o Simpósio Teológico-Pastoral sobre «Fátima Hoje: que sentido?»

“As vidas têm-se tornado numa cidade que não dorme, o tempo parece escasso, estamos sempre atrasados” e os santuários são um local que “ensina o valor de parar” para “escutar as perguntas fundamentais”.

Desafiado a refletir no encontro sobre como “cuidar hoje das angústias e sofrimentos da humanidade”, o padre e poeta sugeriu o santuário como “uma escola de sede”.

“Perceber o valor da crise, desde a pequena à grande crise, que coloca tudo em causa; a crise é um momento de sofrimento mas permite experimentar que o tempo é reversível”, experiência fundamental para quem peregrina.

“Um santuário tem de ser um lugar onde os peregrinos experimentam que a vida não é irreversível, há uma possibilidade para a vida qualquer que seja a etapa. O santuário tem de ser um lugar de diálogo com a crise”.

O sacerdote sugeriu ainda o santuário como o lugar do “inútil”, onde a pessoa se permite “subtrair da ditadura das utilidades”.

“Para o movimento, a vida organiza-nos: a escola e a família, mas para a pausa e para o repouso fica-se para as regras do acaso”.

O valor da peregrinação deve, segundo o padre José Tolentino Mendonça, ser redescoberto, pois é o “tempo favorável, não é um tempo excêntrico”.

Para o poeta, “a velha figura do peregrino”, que se pensava “ser da Idade Média”, assume uma centralidade “na paisagem contemporânea” pela “capacidade de expressar o mapa interno das perguntas, das sedes e da fome de caminho e sentido”.

Assim, para que o diálogo aconteça, importa perceber “de onde partem as pessoas, não apenas dos seu lugares geográficos”.

O vice-reitor da UCP assinala que o fenómeno de Fátima surge e desenvolve-se no contexto da I Guerra Mundial, que provocaria 15 milhões de mortos, num lugar onde “três crianças portuguesas, analfabetas, rezam o terço pelos soldados, a pedido do pároco, de uma terra que vivia a angústia”.

“É neste cenário de um mundo descuidado, desumanizado, que o nome de Fátima se faz ouvir”, numa imagem “de um Deus que não deixa de cuidar da história. Foi sempre assim ao longo de 100 anos”, sugeriu na sua intervenção.

Em Fátima, “recinto sem portas”, a fragilidade “anónima” é colocada no centro, ao contrário do que acontece na sociedade, e, testemunha assim, “o cuidado de Deus pelo homem e pelo mundo”.

“Quantas vezes a vulnerabilidade acolhida se torna a janela onde a graça transparece”, questiona o sacerdote, que acrescenta: “Fátima ajuda-nos a cuidar da dor, a minorá-la e integrá-la e não com comprimidos”.

Sugere o diretor da Faculdade de Teologia da UCP que a grande ameaça no século XXI não serão as patologia virais mas as neuronais, naquilo que o heterónimo de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, atribuiu ao Homem contemporâneo no poema «Estou cansado».

“O homem é marcado por uma vulnerabilidade e hoje está desprovido de ferramentas interiores para cuidar de si; a vida hoje é mais nua e faltam-nos recursos para dialogar com a vida”.

Para José Tolentino Mendonça, “abre-se para os santuários, e para Fátima, um caminho de cuidado, de homens e mulheres cansados; o santuário tem de ser um lugar de reconstrução das nossas humanidades, testemunhando o cuidado que Deus tem para a pessoa humana”.

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