22º Domingo do Tempo Comum - Meditação orante de Romanos 12, 1-2

Data: 25/08/2020

Oferecei vossos corpos como sacrifício vivo.

Paulo abre a parte moral e prática da carta ais Romanos com apelo à «oferta dos nossos corpos» a Deus. O corpo é o centro das três relações fundamentais que ligam o homem a Deus, ao seu irmão e às realidades terrestres. A genuína oblação a ser apresentada a Deus não começa por uma série de ritos perfeitos; Deus, aliás, rejeita a compensação dos ritos de culto quando não existe a atitude religiosa sincera, da vida cotidiana e pessoal. A teologia profética já defendia uma lição estreita entre oração e vida, entre liturgia e justiça (Os 6,6. Is 1,10-20; J 7, 21-25; Mq 6, 608). Só com a doação de toda a vida, o nosso corpo torna-se «templo do Espírito Santo» (1Cor 6,19) no qual se celebra o perfeito «culto espiritual».

Com este texto inicia a segunda parte da Carta aos Romanos, chamada pelos estudiosos parenética, isto é, exortativa. Esgotados os assuntos de tipo teológico, Paulo introduz suas exortações lembrando aos cristãos de Roma que sua religiosidade não se manifestará mais com os sacrifícios de animais ou de vegetais que caracterizavam os cultos pagãos, mas com a oferta de sua própria vida, através do culto espiritual. Este culto se expressa na busca e na realização da vontade de Deus. Um programa válido para todos os tempos.

1Pela misericórdia de Deus, eu vos exorto, irmãos a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: Este é o vosso culto espiritual.

Este versículo inicial no texto traz um “portanto”, que a versão litúrgica omitiu. Esta conjunção faz a ligação com aquilo que foi escrito anteriormente, isto é, com a parte teológica. Esta segunda parte, no entanto, é exortação, oração e animação aos Romanos, em nome de sua autoridade de apóstolo. Esta exortação é feita em nome da misericórdia de Deus, da qual falou alguns versículos antes (11,32), destacando o perdão que Deus derramou sobre os pagãos e derramará também sobre Israel. A que exorta Paulo? A realizar um ato litúrgico. Um ato litúrgico que não se realiza no templo, mas na vida de todos os dias. Os Romanos são chamados a entrar em relação com Deus, a serem uma oferta viva com o próprio corpo, sua vida de cada dia. Paulo chama esta oferta de culto espiritual. Esta expressão já era conhecida em alguns ambientes religiosos do mundo judaico e helenístico, que considerava os sacrifícios cruentos dos animais e defendiam a importância de um sacrifício realizado por uma conduta moral exemplar.

2Não vos conformeis com o mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e de julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito.

Paulo continua especificando como se deve realizar este sacrifício espiritual: existe uma ordem negativa e uma positiva. Os Romanos devem abandonar a mentalidade do mundo. A palavra “mundo” é visto em sentido apocalíptico: o mundo presente, destinado à destruição, em contraposição ao mundo novo, ao Reino de Deus que o deverá substituir. Os crentes já foram libertados deste mundo graças ao sacrifício de Cristo. Portanto, não são mais escravos da vida de antes, mas devem ficar longe dele para não serem novamente envolvidos por ele.

Eles, no entanto, não devem se tornar eremitas. Simplesmente devem mudar de mentalidade, se deixarem transformar pela presença de Deus em suas vidas. Em suas atividades cotidianas devem deixar espaço à vontade de Deus, buscar conhece-la e discernir o que é melhor para eles, de maneira a viver plenamente sua nova realidade dos filhos de Deus.

Para a reflexão e a atualização:

● Penso em minha vida como ato litúrgico, uma oferta a Deus, em tudo o que faço?

● Acontece, algumas vezes, que volto a me conformar com este mundo?

● Como estou tentando discernir a vontade de Deus?